O PISA, Programme for International Student Assessment, é um inquérito a estudantes de 15 anos, organizado pela OCDE. Este inquérito avalia se os estudantes possuem os conhecimentos e as competências essenciais para a participação na vida social e económica. As avaliações do PISA abrangem as principais disciplinas escolares, designadamente leitura, matemática e ciência, e desde 2012 inclui um modulo de avaliação da literacia financeira dos jovens.
A literacia financeira pode ser definida como o conhecimento e a compreensão de conceitos financeiros, bem como as competências e as atitudes tomadas na aplicação desse conhecimento, a fim de tomar decisões financeiramente corretas e seguras.
Portugal participou pela primeira vez no exercício de avaliação de literacia financeira do PISA em 2018. Entre os países analisados surgiu em 6º lugar na percentagem de estudantes que possuem capacidades financeiras básicas, e em 7º lugar (com 505 pontos) no indicador global de literacia financeira, o que o colocava em linha com a média dos países da OCDE.
Em 2022, Portugal integrou pela segunda vez o exercício avaliativo relativo à literacia financeira.
Quais os principais resultados do PISA 2022?
Pela apresentação dos resultados do Pisa 2022 agora publicados, ficamos a saber que Portugal obteve uma média de 494 pontos em literacia financeira (menos 11 pontos face a 2018), ocupando o 9º lugar do ranking, o que revela um nível de literacia financeira abaixo da média da OCDE.
Esta classificação é explicada pelo facto de os alunos socioeconomicamente mais favorecidos terem um desempenho melhor do que os estudantes mais desfavorecidos. O estatuto socioeconómico dos alunos pesa no desempenho em literacia financeira nos países e economias da OCDE.
O desempenho em literacia financeira é também explicado pelo desempenho na matemática e na leitura.
Os rapazes tiveram um desempenho melhor do que as raparigas, como é o caso de alguns países, entre eles Portugal. Noutros países, o desempenho melhor foi das raparigas.
Também os alunos imigrantes têm desempenhos mais baixos do que os não imigrantes. Em Portugal, a diferença foi de 26 pontos, abaixo da média europeia (30 pontos).
Então o que deve ser feito?
Se cruzarmos a informação do INE, de que 20,1% dos portugueses está em risco de pobreza, com os resultados revelados agora pelo PISA 2022, rapidamente chegamos à conclusão de que para se combater a pobreza é preciso levar a educação financeira às escolas e às famílias.
As famílias têm vindo progressivamente a apertar o cinto e para quebrar este ciclo de pobreza são necessárias soluções para aumentar a sua estabilidade financeira. Para isso é preciso que a educação financeira seja ministrada às crianças e aos jovens, desde cedo, para lhes fornecer competências para uma vida mais próspera. É preciso capacitá-los com ferramentas necessárias para tomar, hoje e no futuro, decisões financeiras mais seguras e assumir atitudes e comportamentos financeiramente mais corretos.
É o que faz a Fundação António Cupertino de Miranda, que desde 2010 implementa projetos de educação financeira para todos os públicos: crianças, jovens, pessoas mais velhas e pessoas com défice cognitivo.
Merece referência especial o projeto “No Poupar está o Ganho” que vai na sua 15ª edição. A edição deste ano contou com a participação de mais de 18.000 alunos, 920 turmas e 750 professores. Tem como público-alvo alunos e professores de todos os ciclos de ensino e está a ser implementado a nível nacional.
Com resultados cientificamente comprovados através de um Estudo de Medição de Impacto Social realizado pela Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação da Universidade do Porto, é um projeto que apresenta evidência de melhoria dos alunos em matéria de competências financeiras, da nota a matemática e nas relações empáticas com a família.
Contribui diretamente para a implementação do Referencial de Educação Financeira, na medida em que oferece às escolas um programa integrado, desenvolvido ao longo do ano letivo. Disponibiliza a professores e alunos todos os recursos educativos necessários à aprendizagem de conceitos, objetivos e prioridades financeiras, em suporte físico e também através de uma plataforma digital.
A relevância deste projeto é inquestionável. A educação financeira não se restringe apenas à gestão de recursos pessoais, é também um catalisador para o empreendedorismo e inovação. Jovens bem informados têm maior probabilidade de iniciar negócios, criar oportunidades de emprego e promover crescimento económico.
Ao investir em projetos de educação financeira, a Fundação António Cupertino de Miranda colmata um défice social grave – a iliteracia financeira - e investe no futuro de Portugal, preparando as novas gerações para enfrentar desafios económicos com confiança e competência.