Para além da apresentação de boas-práticas de empresas francesas, a pesquisa aponta dados interessantes e inéditos dos cidadãos portugueses sobre a sua relação com as empresas.
Zonas de conforto
96% dos inquiridos identificam-se com a missão, objetivos e valores da sua empresa. Cerca de 90% avaliam de forma positiva a adoção de novas formas de trabalho, a preocupação em relação à saúde e bem-estar dos colaboradores, contribuição para a sociedade. Temos aqui as bases para uma relação com grande qualidade. Que podia ser até reforçada pelo entendimento face ao “Desenvolvimento Humano”: os cidadãos são percecionados como os mais responsáveis (63%), antes do Estado e das escolas. As empresas aparecem em 4º lugar (43%). Para os inquiridos, três palavras top of mind: educação, ensino e formação. Excelente sinal para as academias corporativas e para as formações executivas em contexto universitário (mas… apenas 20% dos colaboradores afirmam receber formação de forma regular). Primeiro gap.
Sobre as questões salariais, os colaboradores olham para os benefícios de uma forma holística, com critérios que vão além do salário, indo ao encontro das novas ofertas das empresas.
Estas eram as boas notícias, mas que não podem esconder a tendência de um distanciamento inquietante.
Alertas
Só 9% dos portugueses recordam boas-práticas desenvolvidas pela sua empresa! Face a todos os esforços de comunicação interna e externa das empresas (em geral) este dado não deixa de ser bastante preocupante. E permite perceber melhor o resultado sobre o grau de envolvimento com a empresa: grande parte dos portugueses (55%) afirmam ter um grau mediano e 16% referem um nível baixo ou inexistente.
E pior ainda: apenas 4 em cada 10 colaboradores têm a perceção de que as empresas se preocupam com o “Desenvolvimento Humano”, nomeadamente através da aposta da qualificação dos colaboradores e de políticas ativas de diversidade e inclusão. A responsabilidade empresarial é, para a grande maioria, uma responsabilidade interna em prioridade. É aqui que as empresas deverão focar os seus esforços – melhor capacidade de comunicar os seus impactos e sobretudo processos de envolvimento e capilaridade das “boas-práticas" para que os tais impactos sejam reconhecidos a nível individual.
*Republicado com a autorização da RH Magazine (versão original na RH Magazine de Maio/Junho 2023)